quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Ser Viking

Bem, agora que o leitor já está bem familiarizado com os Vikings, eu explicarei o porquê do título deste trabalho. Como podem ver, no título eu afirmo que os Vikings não eram apenas um povo, eram muito mais, ou seja, eram um ideal.
Mas como? Você mesmo disse que os Vikings eram os habitantes do fiorde Vik, não disse? O leitor deve estar perguntando.
Pois eu respondo. Todos conhecem pelo menos um pouco da História da Roma. Pois então, Roma, como todos sabem é um cidade, a atual capital da Itália, mas no passado já controlou um dos maiores Impérios que o mundo já teve. Nesta época dizia-se Romano a um conjunto de situações e a Cultura que foi estabelecida por aquele povo, mesmo que fosse o Romano de Alexandria, no Egito ou de Córdoba, na Espanha. Tudo pertencia ao estilo próprio de Roma, que surgiu na cidade de Roma. Sendo assim, é mais fácil explicar o porque do nome Viking, basta compreender que foi um estilo de vida que surgiu no fiorde Vik.
No entanto, os Romanos conquistaram um grande Império, enquanto que os Vikings tiveram pouquíssimos períodos de união. O que caracteriza os Vikings como um grupo não é a raça, pois como vimos os Danos são Teutões e os Noruegueses são Escandinavos. Não é um Império, pois salvo durante o reinado de Canuto os Vikings não foram totalmente unidos. O que os caracteriza como um grupo então?
Poderia ser a mesma língua, mas não é. Poderia ser a mesma forma de governo, mas não é. Poderia ser o mesmo estilo de embarcações, roupas, alimentação, armas e guerras. Mas também não é. Poderia, é verdade, serem todas essas coisas juntas, formando então uma mesma Cultura. É, poderia, inclusive esta hipótese chega bem perto do que é de fato ser Viking. Mas o ser Viking não é apenas ter uma mesma cultura, nem sequer religião, porém, o Ásatrú esta diretamente ligado ao que é ser Viking, mas não é o único motivo, quero dizer. Não bastava seguir o Ásatrú para ser Viking, pois o Ásatrú foi, provavelmente, criado com o intuito de incutir em todos os Vikings aquilo que podemos definir como: o ideal Viking.
Mas o que seria este ideal?
Bem, chega de enrolação, o ser Viking é ser movido pelo ideal de fugir do frio e da esterilidade do solo a qualquer custo. Não importa se o indivíduo terá de matar, roubar, destruir e até morrer (indo para Walhalla). Desde que ele consiga sair do triste inferno gelado e estéril onde vive para ir habitar terras melhores, tudo bem.
Partindo destas afirmações podemos então finalmente discorrer sobre o pensamento que lancei no início da obra: “Um Escandinavo deixa de ser um Viking quando ser torna Cristão”.
É simples a dissertação sobre esta frase. Os Vikings tinham o Ásatrú como uma espécie de manual de instruções de seu ideal (como expliquei no item 3.4). Sua religião não só os obrigava a procurar um lugar melhor para viver, como também justificava tudo o que fizessem para chegar a ele. Portanto, a instituição dos valores Cristãos nas cabeças dos Escandinavos foi incutindo neles o medo de que se pecassem (matando, saqueando mosteiros, roubando, comercializando com os Árabes...) poderiam ser punidos. Além disso, a doutrina Católica diz que os homens devem se resignar com a situação a que Deus os submeteu, pois tudo não passa de uma provação Divina.
Sendo assim, depois de pouco mais de um século da conversão do primeiro Rei da Noruega ao Cristianismo, a chamada Era Viking chegou ao fim. Pois em um século, uma religião preparada para dominar o povo, como o Catolicismo, pode se enraizar em uma população de tal forma que as crenças antigas podem chegar à beira do esquecimento. Podemos então afirmar que o Catolicismo destruiu os Vikings.

5 – Como os Danos se tornaram Dinamarqueses:
Como já fiz referência no item 2.1, os Danos eram um dos povos Teutões e se estabeleceram na Jutlândia, ilhas do Báltico e sudoeste da Suécia. Como também fiz referência nesse mesmo item, os Danos que habitavam a Suécia, bem como os próprios Suecos, não eram Vikings, eram Varegues. Mas como e quando os Danos da Jutlândia e ilhas do Báltico começaram a ser conhecidos como Dinamarqueses.
Bem, esta é uma História que remonta aos tempos de Carlos Magno. Para melhor esclarecimento façamos uma breve contextualização para explicar quem foi Carlos Magno.

Desde o final do Império Romano, os Francos se estabeleceram como um Reino, com o legendário Rei Clóvis de Reims. Ele foi o fundador da Dinastia Merovíngia, que governou o Reino Franco do século V até o século VIII. Entretanto, os Reis Merovígios tinham o costume de eleger um Prefeito do Palácio, que funcionava como uma espécie de Primeiro Ministro do Reino. Aos poucos, os Prefeitos do Palácio começaram a se tornar mais influentes e importantes que o próprio Rei Franco, no entanto, não davam o golpe e se tornavam Reis, pois não teriam apoio o suficiente. No princípio do século VIII, Carlos Martel foi escolhido como Prefeito do Palácio e em 732, conteve a expansão Árabe que visava tomar a cidade de Poitiers. À partir daí, os Prefeitos do Palácio ganharam mais poder junto ao papado, uma vez que um deles conteve a invasão dos terríveis Mouros (como eram conhecidos os Árabes). Carlos Martel tornou-se muito influente também entre a população Franca, e conseguiu que o Rei lhe permitisse que seus filhos herdasses dele o posto de Prefeitos do Palácio.
Pepino e seu irmão Carlomano (filhos de Carlos Martel) herdaram então o posto de Prefeitos da Palácio. Em 747, Carlomano renunciou deixando Pepino como único Prefeito do Palácio. Porém Pepino tinha ambições maiores do que ser apenas o Prefeito do Palácio, realizou um acordo com o Papa Zacarias e, em 751, depôs o Rei Merovíngio Childerico III e foi coroado Rei dos Francos, com o nome de Pepino III, o Breve. A Dinastia de Pepino recebeu o nome de Dinastia Carolíngia, em homenagem a seu pai, Carlos Martel. Em troca pela coroação, Pepino reconquistou para a Igreja as terras em volta de Roma (o Exarcado de Ravena e o Ducado de Roma). O Reinado de Pepino III iniciou de fato o período dos Reis Francos Cristãos. Quando Pepino III morreu, em 768, seu Reino foi dividido entre seus dois filhos: Carlos e Carlomano. Porém, Carlomano morreu em 771, deixando Carlos reinar sozinho.
Carlos veio a ser conhecido como Carlos Magno (ou seja, Carlos, o Grande). Ele dedicou os primeiros anos de seu Reinado a expandir os domínios do Reino Franco, pois queria Cristianizar o mundo. Tentou retomar a Espanha aos Árabes mas, como fracassou, estabeleceu na divisa entre o Reino Franco e a Espanha uma Marca, ou seja, uma região governada por um Marquês. A Marca era extremamente militarizada e visava ser uma zona tampão para impedir o avanço dos Mouros. A idéia de instituir Marcas nas regiões fronteiriças agradou Carlos Magno, pois dessa forma ele não precisaria manter um exército nacional, bastariam os exércitos dos Marqueses. Por seu poderio crescente e esforços em prol da disseminação da fé Cristã, em 800, Carlos Magno foi coroado pelo Papa como Imperador Romano (alguns julgam que nasceu aqui o Sacro Império Romano-Germânico, mas na realidade ele só nasceu mesmo no final do século X, sob Oto I).
Como eu já havia mencionado no item 2.1, os Saxões não rumaram todos para a Inglaterra, muitos ficaram na região sul da Jutlândia e outros rumaram mais para o sul ainda, numa região que ficou conhecida como Saxônia. Os Saxões eram pagãos e por isso, Carlos Magno iniciou ataques a seu território já no ano de 772, com o objetivo de conquistá-lo e converter os Saxões (da Saxônia) à fé Cristã, missão que finalmente concluiu em 803. Sendo assim, Carlos Magno estabeleceu uma Marca na Saxônia, mas ordenou a ela a anexação da Jutlândia, região onde moravam os Danos.
Nessa época, os Danos da península da Jutlândia estavam unificados sob um Rei Herói (os Reis Heróis são Reis que antes da época da unificação definitiva do país, conseguiram uma unificação temporária, graças a seus feitos heróicos ou gloriosos, entretanto, tão logo esses Reis morriam, o país se fragmentava novamente) chamado Godofredo (porém Godofredo não dominava os Danos das ilhas Bálticas e da Suécia), que era de origem Norueguesa. A Marca Franca desfechou alguns ataques contra os Reino de Godofredo, mas teve o azar de que os Danos lutavam todos juntos, como se fossem um país de fato, por estarem passando por um período temporário de centralização Monárquica. Sendo assim, os Franco fracassaram em seus ataques contra os Danos e estabeleceram uma nova Marca que foi batizada de Marca dos Danos, depois Marca Dana, depois Dana Marca e por fim Dinamarca.
Portanto Dinamarca era o nome da região tampão localizada entre o Império de Romano de Carlos Magno e a Jutlândia de Godofredo. No entanto, os Danos da Jutlândia e depois os das ilhas Bálticas começaram a se chamar de Dinamarqueses para se diferenciarem dos Danos da Suécia.
Só para complementar quanto a Carlos Magno, depois de sua morte, em 814, seu filho não conseguiu manter o Império tão forte quanto era, e com seus netos (de Carlos Magno), finalmente ele se fragmentou em três Reinos inicialmente, depois em mais. Porém, a Dinamarca também se fragmentou novamente após a morte de Godofredo, mas Jelling se estabeleceu, durante o Reinado de Godofredo e perdurou depois, como centro de poder da Dinamarca, tanto que mais tarde, quando o país foi unificado definitivamente, a capital se tornou Jelling. Copenhague só se tornou a capital da Dinamarca em 1443.

6 – A História dos Vikings:

Esta parte do trabalho se remete a narrar os fatos mais importantes da História Viking. É claro que não se tratará de uma sessão completa, visto que a complexidade de uma civilização é muita para que se pretenda esgotar seus fatos. Mas darei um panorama geral dos principais Reis, batalhas, conquistas e fatos da História Viking.
Para melhor compreensão dividirei a sessão em três partes, e cada parte em duas sub-partes, para assim explicar mais didaticamente os feitos e fatos de Dinamarca e Noruega nos períodos estudados em cada sessão.

6.1 – Os Vikings da segunda metade do século VIII até a primeira metade do século IX:

Aqui relatarei os principais acontecimentos que deram origem aos povos Vikings, além de narrar o início da Era Viking, com o famoso saque ao Mosteiro de Lindisfarne, na Inglaterra.
Neste período Noruegueses e Dinamarqueses estavam ainda se estabelecendo como povos navegadores e conquistadores. Foi nesta época que os Vikings estabeleceram suas primeiras colônias e bases militares fora de suas terras natais.
6.1.1 – Os Noruegueses no Período de 750 a 850:
Por volta de 750, os povoados e cidadezinhas do fiorde Vik já estavam unificados sob o controle do Rei Viking de Oslo. Esses povos sobreviviam através da caça, da agricultura e da pesca. Mas tinham o sonho de obterem as riquezas das quais os viajantes falavam.
Os Reis de Oslo haviam, com o intuito inicial de se protegerem de ataques dos Suecos e de Bergen, incentivado a criação de um exército profissional. Estes homens eram da mais alta classe social: os karls, e eram sustentados pelo governo para treinarem técnicas de combate. Eles compravam suas armas e vestimentas com recursos próprios, e estavam sempre prontos para o combate. No ano de 793, alguns navios carregados de soldados profissionais deixaram o fiorde Vik e rumaram para as ilhas Britânicas. Seu destino era a atual Holy Island, na Inglaterra. Na época esta ilha se chamava Lindisfarne e havia nela um feudo da Igreja, com um Mosteiro de relativa importância.
É bom que se esclareça que a Inglaterra havia sido convertida à fé Cristã pelos Romanos no século IV, mas com sua saída, no século V, ela foi invadida pelos povos Teutônicos (Frísios, Jutos, Anglos e Saxões), que perseguiram os nativos Britânicos (que haviam sido convertidos pelos Romanos). Mais ao norte, na atual Escócia, havia os Celtas, que já praticavam o Cristianismo também desde os tempos Romanos. Os Britânicos foram caçados pelos Teutônicos e foram obrigados a se refugiar em pontos do extremo ocidente da ilha: a Cornualha, mais ao sul; Gales mais ao centro; e Strathclyde, mais ao norte, perto dos Celtas e dos Pictos que habitavam a região da atual Escócia. Os Celtas, junto com os Britânicos tornaram Cristã a Irlanda, mas não tiveram o mesmo sucesso na Inglaterra em si. Porém, em 597, uma missão enviada por Roma e chefiada por Santo Agostinho (este é o segundo Santo Agostinho, antes dele existiu um outro que viveu no século IV) chegou ao Reino Teutônico de Kent (na região sudeste da Inglaterra) e conseguiu convertê-lo ao Catolicismo, Santo Agostinho teve sua missão facilitada pelo fato de que a esposa do Rei de Kent era Celta, e por isso, Cristã.
No entretanto existiam vários outros Reinos Teutônicos na Inglaterra, tais como: Wessex, Sussex, Essex, Mércia, Anglia Oriental, Lindsey, Deira e Bernícia (estes dois últimos depois foram unificados formando a chamada Nortúmbria). Em 625, Edwin, Rei da Nortúmbria, quis se casar com Ethelburga, princesa de Kent. Porém, seu pai (o pai da princesa) exigiu, como condição para conceder a mão da filha, que Edwin se deixasse batizar e abrisse seu Reino para a conversão ao Cristianismo. Edwin então consentiu que o pupilo de Santo Agostinho, o monge Paulino o batizasse em York, no ano de 627. Depois disso, ele permitiu que Paulino pregasse para o povo ao lado do palácio Real, na cidade de Yeavering, construindo, inclusive, para Paulino uma igreja monumental em York (onde foi celebrado o casamento). Em 633, Edwin morreu e seu filho, Oswald ascendeu ao trono já sendo Cristão. Entretanto Paulino havia retornado para Kent, então Oswald pediu que lhe fosse enviado outro missionário para ocupar o lugar de Paulino. O enviado foi Aidan. No entanto, Aidan não tinha uma formação sacerdotal nos moldes Romanos, ele era Celta e pertencia ao Cristianismo das Igrejas Britânica e Celta (legadas pelos Romanos). Aidan ergueu na ilha de Lindisfarne o Mosteiro de Lindisfarne, além de convencer o Rei Oswald a construir vários Mosteiros por toda a Nortúmbria (que fazia divisa com os Reinos Celtas e Pictos do norte).
A influência de Aidan sobre o povo da Nortúmbria foi tão grande que, com efeito, ele converteu o Reino ao Catolicismo. A Nortúmbria junto com os Celtas e o Reino de Kent evangelizaram toda a Inglaterra e a Escócia, além de enviarem missionários para as ilhas próximas (conhecidas como ilhas Britânicas). Em 664, em Whitby, na Nortúmbria, foi assinada a união das Igrejas Católicas Celta e Romana.
Toda esta explicação serviu para mostrar que em 793, quando os Vikings se dirigiram para a ilha de Lindisfarne, a Inglaterra já era Cristã a algum tempo.
Pois bem, num certo dia, logo depois do amanhecer, aportaram na ilha de Lindisfarne as drakkars Vikings, e delas desceram centenas de guerreiros, soldados profissionais, que operaram um verdadeiro massacre na população do feudo, mataram facilmente os poucos guerreiros do Mosteiro, assassinaram vários monges, aprisionaram outros (para vender como escravos), adentraram no Mosteiro, roubaram as peças em ouro e pedras preciosas e por fim atearam fogo à construção.
Partiram de volta para Oslo deixando para trás um rastro de destruição e iniciando na população inglesa um medo terrível de novos ataques, pois os sobreviventes do reide abandonaram Lindisfarne e espalharam a história.
Nos anos que se seguiram, os Vikings realizaram diversos outros reides a Mosteiros em ilhas e na costa inglesa e Escocesa, principalmente na Nortúmbria.
Quanto a Escócia é interessante que se diga como esta se formou.
Os Romanos jamais dominaram a região norte da Britânia devido a ferocidade com que se defendiam seus habitantes: os Pictos. Não se sabe muito sobre eles. Sabe-se apenas que existiam duas língua nesse povo (os do sul, próximos à Inglaterra, falavam a língua dos Britânicos (que não é muito semelhante ao inglês, é mais parecida com o Galês), e os do norte, um dialeto desconhecido). Na realidade, a sociedade Píctica era inicialmente agrícola (semelhante às sociedades feudais), mas um Super-Reino (no Feudalismo, quando um Senhor impõe sua suserania a vários outros, o Reino resultante de todos os Reinos que lhe prestam vassalagem é chamado Super-Reino) parece ter se desenvolvido, evoluindo, nos séculos VII e VIII, para uma Monarquia centralizada. Uma curiosidade sobre os Pictos era que a sucessão Real não era pelo filho mais velho do Rei, mas sim pelo sobrinho mais velho do Rei que fosse filho de alguma de suas irmãs, sendo assim, os homens mandavam, mas as mulheres é que estabeleciam a linhagem de sucessão.
Os Celtas que habitavam a Irlanda, chamados Irlandeses, também compunham uma parte da população da atual Escócia, inclusive o termo Escocês era sinônimo de Irlandês, somente depois de muito tempo de ocupação dos Irlandeses na Escócia é que o termo Escocês passou a designar exclusivamente os Irlandeses da Escócia.
Por volta do começo do século VIII a família Real Píctica iniciou uma política de alianças matrimoniais com a família Real Escocesa (os Irlandeses da Escócia também já haviam realizado sua unificação Monárquica), resultando em príncipes aspirantes aos tronos dos dois Reinos. Em 843, finalmente o Reino Píctico e o Reino Escocês se uniram na formação da Escócia, estabelecendo um sistema de sucessão partilinear, ou seja, cada vez o descendente de um dos Reinos governava. Entretanto, na região conhecida hoje como Escócia havia também o Reino Britânico de Strathclyde, que à partir da fusão Celto-Píctica na Monarquia Escocesa, começou a ser impiedosamente atacado até ser totalmente anexado à Escócia em finais do século IX.
Os Noruegueses atacavam não só a Nortúmbria e a Escócia, como também as ilhas Britânicas e a Irlanda. Nos ataques às pequenas ilhas os Vikings da Noruega conquistaram neste período as primeiras colônias de sua História. Entre os anos de 800 e 810, eles capturaram os arquipélagos de Shetland, Orkney (Órcadas) e Faeroer (Faroe), estabelecendo colônias de povoamento nesses lugares.

Os guerreiros não encontravam muita dificuldade para dominar arquipélagos pequenos como os referidos, devido ao fato de serem mal protegidos, uma vez que além de missionários, havia apenas pequenos povoados agrícolas nessas regiões. Dificilmente os Vikings encontravam alguma tropa de cavalaria ou mesmo guerreiros Cristãos profissionais (nobres). Nessas campanhas começaram a ser utilizados membros das classes mais pobres da população, ou seja, os jarls, que iam às expedições em busca de riquezas e motivados pelos preceitos do Ásatrú. Os ataques à Irlanda eram curiosos, pois devido à divisão em que a ilha se encontrava, muitos guerreiros Vikings acabavam se desviando de seus objetivos iniciais durante os ataques. Vejamos. A Irlanda era uma ilha de população Celta, eles haviam chegado lá antes mesmo da era Cristã, mas haviam sido (como já mencionei) convertidos ao Cristianismo. Inicialmente, haviam vários Reinos feudais na ilha, porém, com o passar do tempo, através de guerras, os pequenos Reinos foram jurando vassalagem uns aos outros até formarem os quatro Super-Reinos da Irlanda: os Uí Dúnlainge, no sudeste; os Eógannachta (ou Munster), no sudoeste; os Uí Briúin (ou Connaught), no noroeste; e os Uí Néill (ou O’Neill), no nordeste.
À partir de 795, os Vikings Noruegueses começaram a realizar reides nas costas Irlandesas, mas as lutas entre os Super-Reinos acabaram por desviar vários soldados profissionais de seu objetivo, ou seja, o saque. Isso por que os Super-Reinos contratavam-nos como mercenários para lutarem contra os outros Super-Reinos. Mesmo assim, os reides Vikings continuaram e na maioria das vezes causavam pânico e resultavam em saques valiosos.
Em 841, uma expedição gigantesca aportou no sul da Irlanda e arrasou o Super-Reino dos Uí Dúnlainge, no sudeste. Terminaram por estabelecer uma base permanente na ilha com a conquista da cidade fortificada de Dublin (atual capital da Irlanda). Entretanto, os Vikings não colocaram o território dos Uí Dúnlainge sob sua autoridade direta. Deixaram seus aliados O’Neill administrarem a região, e guardaram para si apenas os direitos comercias dela, mesmo assim muitos Noruegueses migraram para a Irlanda, onde estabeleceram vários povoados. Posteriormente também Dinamarqueses migraram para as terras Norueguesas da Irlanda. Mas o centro Viking da Irlanda continuou sendo Dublin, e todos os três Super-Reinos restantes lhe respeitavam e temiam.

6.1.2 – Os Dinamarqueses no Período de 750 a 850:

Há cerca de mil e duzentos anos atrás, ou seja, por volta do ano 800, os Dinamarqueses entraram em sua Era Viking. Como já mencionei, até esta época eles não se reconheciam como sendo Dinamarqueses, mas apenas como Danos.
Após 803, quando repeliram as tentativas de Carlos Magno de conquistar a Jutlândia, os Danos passaram a se reconhecer gradativamente mais como Dinamarqueses.
Como eu disse (nos itens 2.1 e 5), a região sudoeste da Suécia também era habitada por Danos, mas estes não eram Vikings. Apesar disso, mais tarde foram também anexados àquilo que se tornou a Dinamarca.
Apesar de terem repelido os ataques de Carlos Magno, os Dinamarqueses, governados na época por Godofredo, sabiam que outros ataques poderiam vir a ser desfechados contra seu povo. Por isso, Godofredo ordenou por volta de 805 ordenou a construção de uma muralha de terra para separar a Jutlândia do Império de Carlos Magno. Essa muralha recebeu o nome de Danevirke e sua finalidade primordial era proteger a cidade de Hedeby, que era o mais importante centro de comércio da Dinamarca.
Enquanto Carlos Magno reinou os Dinamarqueses não se atreveram a atacar seu Império; contentando-se em atacar apenas a região sul da Inglaterra, ou seja, os Reinos de Kent, Essex, Wessex, Sussex, Mércia, Lindsey e Anglia Oriental; mas após sua morte, em 814, iniciaram seus reides na Europa continental.
Os Dinamarqueses também são considerados Vikings, porém suas rotas de ataques não eram as mesmas dos Noruegueses (ver mapa no final do item 2.1). Eles costumavam ir até a foz de rios como o Sena e o Reno e à partir daí subi-los e saquear as cidades e vilas em suas margens. Depois retornavam para sua terra natal com o produto dos saques.
Entretanto, o maior feito dos Dinamarqueses no período referido foi realizado no ano de 851 (sei que o período em teoria iria até 850, mas preferi enquadrar este ato aqui para não inflar demais a próxima cronologia Dinamarquesa).
Mas voltemos, em 851 uma grande esquadra Viking deixou a Dinamarca rumando para a Inglaterra. Eles se dirigiam para a região de costume, ou seja, o sul e sudeste da ilha. Porém não havia apenas drakkars na esquadra, pelo contrário, havia muitos knorrs (navios de transporte) carregando inclusive mulheres e crianças. Isso caracterizava uma expedição atípica, pois as expedições que realizavam reides levavam em média apenas um ou dois knorrs (às vezes mais, dependendo do tamanho do lugar a ser saqueado), mas estes iam para trazer os saques de volta, portanto não levavam mulheres, nem crianças.
Mas por que esta expedição levava mulheres e crianças? Simples, porque ela não visava realizar apenas um reide, mas sim se estabelecer na Inglaterra, ou seja, criar lá uma base para os Dinamarqueses (assim como a cidade de Dublin era para os Noruegueses, na Irlanda).
Os navios se dirigiram para o Reino de Kent e, numa ilha chamada Sheppey, na foz do rio Tâmisa (a menos de 50 km de Londres), desembarcaram. Eles exterminaram o povoado que havia ali e sem muita resistência iniciaram uma povoação Viking na Inglaterra.
A escolha da ilha Sheppey não foi por acaso, se tratava de um lugar estratégico, pois por se situar na foz do principal rio da Inglaterra, permitia que os Vikings atravessassem boa parte da ilha, saqueando-a. Bastava que o povoado fosse bem fortificado, o que os Dinamarqueses trataram de fazer o mais rápido possível, para evitar os ataques Ingleses.

6.2 – Os Vikings da segunda metade do século IX até a primeira metade do século X:

Podemos dizer que esta é a chamada Época de Ouro dos Vikings. Eles já estavam bem organizados e possuíam colônias (os Noruegueses apenas) e bases militares fora da Escandinávia. Neste trecho veremos como, à partir ou não de tais pontos, os Vikings ampliaram seus domínios chegando a conquistar muitas áreas na Inglaterra e França, além de descobrirem a Islândia. Porém, também foi neste período que o Catolicismo, o germe da destruição dos Vikings, começou a ser plantado nas sociedades Escandinavas, com a conversão de alguns Reis.

6.2.1 – Os Noruegueses no Período de 850 a 950: *******

Os Noruegueses continuavam suas navegações desenfreadas e, em 860, navegando para noroeste das ilhas Faroe, encontraram a Islândia. Na verdade é incorreto afirmar que os Vikings descobriram a Islândia, pois quando lá chegaram a terra não estava deserta, ou habitada por nativos, mas sim por monges Irlandeses eremitas. Entretanto, tais monges, a exemplo de Lindisfarne, foram ou mortos ou aprisionados para serem vendidos como escravos. O que deixou o caminho livre para a colonização de mais esta ilha. Porém, logo os Noruegueses perceberam que o lugar era tão frio quanto sua terra natal (por isso o nome Terra do Gelo, em inglês Iceland). Mesmo assim eles fundaram na região alguns povoados e uma pequena cidade: Reykjavik, tornando a Islândia mais uma colônia Norueguesa. Apesar disso, posteriormente Dinamarqueses também habitaram a região, mas isso depois da Era Viking.
Por volta de 870, com apenas dez anos de idade, Haraldo I, o Louro, assumiu o trono de Oslo. Nesta época, o fiorde Vik já estava totalmente leal ao domínio do Rei de Oslo mas, por outro lado, Bergen também se fortalecera muito na porção ocidental da Noruega. Tanto assim que havia imposto seu domínio a região dos Fiordes Ocidentais, transferindo sua capital (a de Bergen) para Trondheim.
Haraldo I tinha um sonho: conquistar para sua coroa toda a Noruega, unificando-a não como os Reis Heróis, mas definitivamente. À partir desse desejo, o Rei empreendeu todos os esforços de seu Reino entre os anos de 885 e 890 para submeter Bergen ao seu poder.
A maior arma que os Vikings tinham contra Bergen eram as drakkars, pois Bergen não sabia construí-las e por isso, seus navios de guerra eram muito inferiores. Sendo assim, Haraldo I esforçou-se em se tornar invencível nos mares e tão logo conseguiu, começou a atacar os portos de cidades como Bergen e Trondheim, desencadeando uma guerra dentro da Noruega.
Bergen através de sua nobreza, revidava como podia aos cercos navais dos Vikings, mas por seus navios serem inferiores, se viu encurralada por volta do ano 890. Ocorreu então a chamada Batalha de Hafrsfjord, no fiorde Hafrs. Nesta batalha, exclusivamente naval, os Vikings impuseram a Bergen a derrota definitiva e anexaram, de uma vez por todas, a região aos domínios de Oslo.
Depois da unificação da Noruega por Haraldo I, a capital do país deixou de ser Oslo, para passar a ser Trondheim, que era na época a principal cidade Norueguesa.
Ainda no Reinado de Haraldo I, um ataque nos moldes do realizado à Irlanda, em 841, foi realizado no extremo norte da Escócia, partindo das ilhas Órcadas. Esse ataque, no qual o próprio Haraldo I tomou parte, anexou a região aos domínios Noruegueses. Essa região juntamente com os arquipélagos de Shetland, Órcadas e Faroe formou o chamado Condado das Órcadas.
O sonho de Haraldo I estava concretizado. Ele não só havia unificado a Noruega, como também podia vangloriar-se de ser um dos maiores Monarcas da Europa, pois além de seu país, ele controlava as ilhas Órcadas, Shetland e Faroe, além de um quarto da Irlanda, o norte da Escócia e a Islândia.
No entanto, o poder demasiado de Haroldo I acabou se tornando uma faca de dois gumes. Pois ao mesmo tempo que em seu longo Reinado (de 870 a 945) ele ampliou muito os domínios territoriais de Oslo, seu excesso de autoritarismo colocou as Althings mais distantes contra ele, fazendo, em muitos casos, suas ordens não serem cumpridas, o que provocou uma violenta crise política entre os Vikings Noruegueses, proporcionando aos Dinamarqueses deixarem de serem os coadjuvantes no cenário Viking para se tornarem os personagens principais.
A crise era tão violenta que com a morte de Haraldo I em 945, apenas a Noruega estava sob a autoridade de Oslo, tendo o Condado das Órcadas se tornado praticamente independente. A Islândia e Dublin seguiram esse exemplo, mas continuavam sob a autoridade (pelo menos simbólica) da Noruega, coisa que foi deixando de acontecer cada vez mais ao Condado das Órcadas, que estava cada vez mais sob a influência da Escócia.
Depois da morte de Haraldo I seu filho caçula, Erik, o Machado Sangrento, reclamou o trono, mas seu filho (filho de Haraldo I) mais velho, Haakon retornou da Inglaterra, onde havia crescido como filho adotivo do Rei Athelstan de Wessex (que era Cristão), e reclamou o trono para si. Os karls, com medo de que Erik, por ter convivido com o pai, continuasse com seus desmandos, resolveram apoiar Haakon, dando-lhe o trono de Oslo. Haakon tornou-se então Haakon I, Rei da Noruega.
Haakon I foi o primeiro Rei Cristão da Noruega. Por ter sido criado numa corte Cristã, ele acreditava e seguia os preceitos do Catolicismo, e sua meta de governo foi converter a Noruega a essa doutrina. Para isso ele construiu Catedrais nas principais cidades, ou seja, em Oslo, Trondheim e Bergen. Também restaurou as Althings de toda a Noruega para colocá-las sob seu domínio, coisa que não acontecia antes, pois como já mencionei, as Althings tinham autonomia em relação ao Rei.

6.2.2 – Os Dinamarqueses no Período de 850 a 950:

Depois de dominarem a ilha Sheppey, na Inglaterra, os Dinamarqueses se converteram no pior pesadelo dos povos Ingleses. Através da ilha, e de outras ilhas próximas às fozes de rios (ilhas que eles vieram a conquistar depois), os Dinamarqueses penetravam no interior da Inglaterra e realizavam saques às diversas cidades, por mais fortificadas que fossem.
Geralmente os saques funcionavam da seguinte maneira: os Dinamarqueses chegavam a uma determinada região e exigiam uma certa quantidade de ouro e outras riquezas para não atacá-la. Esse tributo exigido se chamava Danegeld. Se o povoado pagasse o tributo, os Vikings iam embora, mas voltavam dentro de alguns meses exigindo novo tributo, de tal maneira que os recursos do povoado iam se esgotando até que ele não pudesse mais pagar o Danegeld. Quando isso acontecia, ou seja, os Ingleses não pagavam o tributo, os Vikings saqueavam a vila e, por vezes, conquistavam-na criando uma nova base de operações. Com efeito os Danegeld serviram para melhorar a máquina de guerra Dinamarquesa.
Por volta de 850 (as fontes são confusas entre 845 e 865), um líder Dinamarquês chamado Ragnar Lothbrok subiu o rio Sena com uma expedição gigantesca e saqueou Paris. Parece que havia por volta de trinta mil homens em sua expedição. Reides como este demonstram o apogeu Dinamarquês.
Neste período, um outro chefe Dinamarquês também saqueou o Reino Franco, ele se chamava Hastein, e depois de três anos saqueando os Francos, partiu de lá, em 862, com sessenta e dois navios (entre knorrs e drakkars).
Entretanto, ele rumou para o sul, em direção à Espanha Árabe, aportando perto de Cádiz. Ele entrou em luta com os Mouros, mas foi derrotado e acabou perdendo parte do que havia roubado dos Francos. Sendo assim, reuniu os homens e navios que lhe restavam e continuou navegando rumo ao oriente, penetrando no mar Mediterrâneo. No caminho ele atacou as cidades Árabes de Ceuta e Tânger, no norte da África, mas se dirigiu para o nordeste da Espanha, onde entrou novamente em luta contra os Sarracenos (Árabes), mas desta vez, venceu-os e saqueou seus territórios. Depois disso, ele voltou a saquear o Reino Franco (mas agora sua porção sul, banhada pelo Mediterrâneo). Passou então o inverno numa ilhota da foz do rio Ródano (no próprio Reino Franco), para depois seguir sua viagem Mediterrâneo adentro, pois seu objetivo era saquear Roma.
Após o inverno, Hastein e seus homens levantaram acampamento e seguiram com cerca de quarenta navios (os que haviam sobrado da derrota frente aos Árabes do sul da Espanha) rumo a península Itálica, onde esperavam enfim saquear Roma. Por volta de 863, eles avistaram a majestosa cidade de Luna, na Itália, e a confundiram com Roma, por isso a atacaram. Inicialmente foram repelidos, mas Hastein armou um plano muito inteligente: fingiu ter sido gravemente ferido na batalha e aceitou receber o batismo e extrema unção (bênção que se dá aos mortos) dos sacerdotes de Luna (que ele ainda pensava ser Roma). Sendo assim, quando ele fingiu estar morto, o povo da cidade permitiu que seu corpo fosse levado para dentro para ser sepultado. Uma vez em Luna, Hastein “ressuscitou” e liderou seus homens na pilhagem da cidade. A expedição de Hastein foi uma das mais impressionantes incursões Vikings no mar Mediterrâneo.
Já na Inglaterra, aos poucos os Dinamarqueses foram tomando todos os Reinos abaixo da Nortúmbria, ou seja: Kent, Lindsey, Anglia Oriental, Mércia, Essex e Sussex. Faltava-lhe apenas o Reino de Wessex, que a essa época já dominava também a Cornualha Britânica.
Em 870, os Vikings chefiados por Ivar, o Desossado e por Hubba (ambos filhos de Ragnar Lothbrok) atacaram o Reino de Wessex, que era governado por Etelred. Mas este os repeliu. Novamente, em 871, os Dinamarqueses, agora chefiados por Guthrum, voltaram a atacar Wessex, por ocasião da morte de Etelred. Porém, seu irmão e sucessor, Alfred voltou a expulsá-los.
Os Dinamarqueses se retiraram para Reading e organizaram novo ataque contra Wessex em 876, mas foram derrotados novamente. Então armaram uma estratégia inteligente de ataque. Na meia-noite de ano novo de 878, desfecharam um forte ataque contra Wessex, forçando Alfred a bater em retirada para a cidade de Athelney. A Inglaterra abaixo da Nortúmbria estava toda tomada pelos Vikings da Dinamarca.
No entanto, Alfred não estava morto e de Athelney organizou seu contra-ataque. Ainda em 878, reuniu um exército entre os povos dominados de Wessex, Sussex, Kent e Mércia, e enfrentou os Escandinavos na Batalha de Edington. Alfred venceu e obrigou os Vikings a se retirarem para o leste. Sendo assim, nas regiões de Lindsey, Essex, Anglia Oriental e boa parte da Mércia, foi estabelecido o chamado território de Danelaw, a colônia Dinamarquesa na Inglaterra.
Alfred continuou desfechando ataques a Danelaw, até que em 880 ocupou Londres e estabeleceu ali o marco divisório entre Danelaw e Wessex (que agora dominava também Sussex, Kent e boa parte da Mércia, além dos seus antigos territórios e da Cornualha). Como parte do tratado entre Wessex e os Vikings, o líder Dinamarquês Guthrum foi obrigado a ser batizado e se comprometer a propagar o Catolicismo no território de Danelaw. Foi a conversão dos Vikings da Inglaterra ao Catolicismo.
Os sucessores de Alfred; Eduardo, o Velho (899 a 925), Athelstan (925 a 939), Edmund (939 a 946) e Eadred (946 a 955); continuaram desfechando ataques a Danelaw, além de atacarem também os Reinos da Nortúmbria e da Escócia. A expulsão dos Dinamarqueses da cidade de York (ponto estratégico, por se situar no centro da Inglaterra), por Eadred, somada aos outros atos dos Reis de Wessex proporcionaram a que Edgar fosse coroado, em 973 como o primeiro Rei de toda a Inglaterra, ou seja, as lutas de Wessex contra Danelaw proporcionaram a unificação da Inglaterra. Entretanto, Danelaw não foi inteiramente conquistada, bem como não o foi a Escócia. A presença Viking na Inglaterra continuou até 1066.
Até agora falamos dos Dinamarqueses na Inglaterra, mas agora vamos falar do que eles fizeram na Europa continental.
Os Dinamarqueses, bem como os Noruegueses (aqueles mais do que estes) sempre atacaram os Francos através do rio Sena, por ser uma entrada estratégica, e próxima da Escandinávia, para esse Reino (o Reino Franco (após a morte de Carlos Magno, e de seu filho, seus netos dividiram o Império em três partes inicialmente: uma delas consistia na norte da Itália, a outra naquilo que depois seria, junto com a primeira parte, o Sacro Império Romano-Germânico, e a terceira parte tornou-se o Reino Franco. Mais tarde, uma região entre o Reino Franco e o Reino Germânico tornou-se a Borgonha)).
Pois bem, um Viking de origem Norueguesa, mas no comando de tropas Dinamarquesas, chamado Rolf Gangr estava atacando o Reino Franco havia muito tempo, mas em 911, ele foi derrotado nos arredores de Chartres, pelas tropas do Rei Carlos III, o Simples. Caído prisioneiro, Rolf Gangr foi levado à presença de Carlos III, em Saint-Clair-sur-Epte, que surpreendentemente não o condenou, mas fez-lhe uma proposta irrecusável. O chefe Viking teria que aceitar ser batizado e converter-se ao Catolicismo, para ganhar as terras de ambas as margens da foz do Sena. Rolf Gangr teria que jurar vassalagem a Carlos III e prometer ser os guardião do Reino Franco contra os Vikings, tanto Noruegueses, quanto Dinamarqueses.
O raciocínio de Carlos III foi óbvio, contra um Viking, nada melhor que outro. Rolf Gangr aceitou a proposta e em 912 foi batizado e nomeado Duque da Normandia (a região até então não se chamava assim, este nome lhe foi dado em alusão à população que a habitava, ou seja, Dinamarqueses e Noruegueses descendentes dos Nórdicos). Depois disso, Rolf Gangr passou a ser conhecido como Rollon. Uma curiosidade: segundo as Sagas Vikings escritas por Islandeses no século XIV, Rollon tinha o apelido de “o Andarilho”, mas não porque gostava de andar, e sim porque segundo tais Sagas, suas pernas eram tão compridas que não havia cavalo em que ele pudesse montar.
A Normandia, apesar de ter origens Vikings, rapidamente se converteu em uma região do Reino Franco propriamente dita. Pois em 950 a migração de Escandinavos para o território foi proibida e, no século XI, o idioma Escandinavo também. Sendo assim, a Normandia não pode ser considerada uma colônia Dinamarquesa, mas apenas uma área de povoamento Viking, uma vez que prestava vassalagem ao Reino Franco.
Durante o Reinado de Gorme, o Velho (de 936 a 950), a Dinamarca foi também definitivamente unificada. Gorme estabeleceu a capital do país na cidade de Jelling, na Jutlândia, onde ergueu em homenagem a sua mulher uma estela memorial (monolito, ou coluna, destinada a ter uma inscrição), que junto com a que seu filho Haroldo Dente Azul ergueu para ele (para Gorme), é o mais belo monumento da Era Viking.

6.3 – Os Vikings da segunda metade do século X até o fim da Era Viking:

Aqui será relatada a decadência Viking, ela veio junto com o Catolicismo e pois um fim às incursões de um povo tão avançado nas tecnologias náuticas e bélicas, que conseguiu empreender, quase quinhentos anos antes de Colombo, a descoberta da América, não só pela Groenlândia (que apesar de muitos não saberem, pertence à América), mas também por Vinland, que ao contrário do que muitos pensam, foi realmente descoberta.
Veremos também nesta parte do trabalho a série de guerras entre os próprios Vikings, Noruegueses contra Dinamarqueses e vice-versa, que enfraqueceram ainda mais os povos Nórdicos, dando a impressão temporária de fortalecimento de um dos lados, como no Império de Canuto, mas que acabaram por levar a, já exaurida, civilização Viking a perda quase total de sua importância deixando, inclusive, os Escandinavos de serem os Vikings.
6.3.1 – Os Noruegueses no Período de 950 a 1066:
Haakon I era o Rei da Noruega em 950, quando esta foi atacada pelos Dinamarqueses chefiados por seu Rei Haroldo Dente Azul, filho de Gorme, o Velho, que unificou a Dinamarca.
Haroldo Dente Azul atacou a Noruega com seus drakkars e seus guerreiros, mas Haakon I teve muito sucesso na defesa do Reino, expulsando o invasor.
Porém, dez anos se passaram, ou seja, em 960, Haroldo tornou a atacar a Noruega. Desta vez, Haakon I foi pego de surpresa e morto na batalha. Resultado, a Noruega foi conquistada pela Dinamarca de Haroldo Dente Azul.
Depois da conquista da Noruega por Haroldo Dente Azul, a História dos acontecimentos de Dinamarca e Noruega se mistura muito, por isso deixarei para contá-la quando falar da Dinamarca neste período, porque sobre a Noruega há outras coisas para contar, entretanto sobre a Dinamarca, não há.
Bem, já que exclui da pauta de temas deste trecho a situação político-militar da Noruega, então me remeterei a contar fatos importantes ocorridos nas possessões marítimas deste país, que apesar de estarem parcialmente independentes desde o final do governo de Haraldo I, continuaram a receber sua influência.
Contarei aqui a História de um homem muito rico pertencente ao karl, chamado Erik, o Vermelho.
Com certeza muitos já ouviram falar a respeito deste Viking, mas garanto que a maioria não tem nem idéia do porquê de sua fama. É este o objetivo aqui, contar quem foi ele.

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Um comentário:

Rod disse...

Parasita.... publicar um artigo deste tamanho sem citar fonte.. :(