sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Conhecendo um pouco mais sobre os vikings



Durante três séculos, entre 800 e 1100 d.C aproximadamente, eles protagonizaram a chamada "Era Viking", atacando a Europa em sucessivas invasões que lhes renderam a imagem de bárbaros sanguinários, saqueadores impiedosos e pagãos, o que de fato, também, foram, mas não foram só isso. Conquistaram, fundaram e colonizaram povoados, revitalizando, em plena Idade Média, o comércio marítimo Europeu, ainda que temporariamente, com rotas através dos mares Báltico e do Norte, além de rios Europeus como o Ródano, o Reno, o Sena e o Tâmisa.

Em comum, esses três povos tinham a língua, o modo de vida e a religião nórdica, com preceitos tão avançados que só foram de novo pensados (ou copiados) no século 16, por Lutero e Calvino. Usavam as Runas (letras mágicas gravadas em pedras) como forma de adivinhação. Possuíam um apurado senso estético e viviam num peculiar regime democrático regido por assembléias populares, enquanto todo o resto do continente estava atolado no feudalismo. Eram comerciantes, agricultores e exímios artesãos, sabendo trabalhar a madeira, o marfim e o ferro muito bem.




Mas o que mais os distinguia era a maestria como construtores de navios, valendo-se de técnicas tão avançadas que só foram superadas pelos portugueses no século 15, ou seja, mais de quatrocentos anos depois. Construíam frotas de velozes e espaçosas embarcações, projetadas para o transporte de seus exércitos, e as usavam com velocidade e mobilidade. Foi esse prodígio náutico, insuperável na maior parte da Europa, que lhes deu decisivas vantagens em seus ataques em tão grande número de costas, e os transformou nos “Reis dos Sete Mares” que exploraram cada canto do Atlântico Norte e expandiram-se para bem longe - costearam toda a Europa rodeando as costas européias desceram os rios Dnieper e Volga e chegaram aos mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio. Estiveram em Bagdá; criaram um reino na Ucrânia, e, navegando para Oeste, descobriram a Groenlândia, chegando ao continente norte-americano, onde estabeleceram um assentamento, cerca de 500 anos antes de Cristóvão Colombo.

Os barcos eram tão importantes na cultura nórdica que serviam de urna funerária para os grandes chefes. Graças a esse costume, que ajudou a preservar várias embarcações enterradas no solo fofo da Escandinávia, hoje se conhece bastante bem as técnicas de construção deles.

Drakkars e Knorrs - as temíveis naus vikings

No início da Idade Média, noruegueses e dinamarqueses desenvolveram um tipo de embarcação que só veio a ser superada cerca de seiscentos anos mais tarde pelos portugueses, com a invenção das Caravelas e Naus.




As embarcações vikings eram de dois tipos básicos: as de transporte e comércio; e as de guerra. Ambas tinham em comum o fato de serem longas, estreitas e com quilhas (parte de baixo do navio) que penetravam muito pouco na água, o que permitia navegar com estabilidade tanto no mar profundo, quanto em rios rasos, podendo chegar até a praia para que os guerreiros descessem e atacassem o lugar.

A diferença entre elas era que as embarcações destinadas à guerra, as chamadas drakkars, eram menores e mais estreitas que as mercantes e de transporte, chamadas knorrs - destinadas ao transporte de produtos, algumas vezes levavam até gado, além de transportarem as pessoas comuns que se mudavam para alguma das colônias recém estabelecidas.

Tantos as drakkars quanto as knorrs eram enfeitadas com cabeças de dragões ou serpentes em suas proas e com velas listradas (ou xadrezes) em misturas de verde, vermelho ou azul com branco. Nas drakkars, cada homem ia sentado em cima de um pacote contendo suas armas e armadura, e esse pacote lhe servia de banco. Cada um, também, tinha um remo, e o último homem era o encarregado do leme, que dava direção ao navio. Quando o navio estava para chegar ao local planejado, os homens desfaziam seus pacotes e se preparavam para o ataque. Cada drakkar transportava em média quarenta guerreiros; uma knorr transportava muito mais pessoas ainda. Foi graças as drakkars e as knorrs que os vikings conseguiram colonizar grande parte das ilhas Britânicas, assaltar a Europa e descobrir a Islândia, a Groenlândia e a América.

Trajetórias Vikings




Os suecos iniciaram sua expansão em direção ao Leste e navegaram por lagos e rios russos até chegar aos mares Cáspio e Negro, o que lhes permitiu entrar em contato com o império bizantino e com os povos islâmicos da Pérsia. Suas expedições tiveram caráter mais comercial do que guerreiro e foram responsáveis pelo início das atividades econômicas nas bacias dos rios Dnieper e Volga. Da fusão de suecos e eslavos surgiram os primeiros principados russos, entre os quais se destacou, já no século 9, o de Kiev. O comércio dos vikings também provocou, no leste da Europa, o surgimento do ducado da Polônia e do reino da Hungria.

Os noruegueses se expandiram para oeste e ocuparam sucessivamente as ilhas Shetland, Faroe, Órcadas, Hébridas e a Islândia. Também se estabeleceram em diversos pontos da costa irlandesa. O chefe Erik, o Vermelho, chegou à Groenlândia no século 10 e seus filhos atingiram o continente americano num local que denominaram Vinland, "terra das vinhas".

Os dinamarqueses foram, ao longo de três séculos, o terror da Europa, sobretudo do reino da França. Aproveitando-se da debilidade dos países da Europa ocidental após a morte de Carlos Magno, realizaram repetidas incursões às zonas litorâneas do mar do Norte, tanto no continente quanto nas ilhas britânicas. Suas embarcações, de pequeno calado, tinham grande mobilidade, e isso lhes permitia seguir sem problemas os cursos dos rios, o que os tornou temidos também no interior. Em meados do século 9, subiram o Sena e saquearam Paris; pelo curso do Garona, chegaram a Toulouse; pelo Guadalquivir, a Sevilha; pelo Ródano, a Valencia e pelo Volga, a Portugal.

Os normandos ou "homens do Norte" eram vikings que se fixaram na França (na região agora denominada Normandia), tendo então conquistado a Inglaterra em 1066. Uma famosa tapeçaria normanda, que se encontra num museu da cidade de Bayeux, mostra cenas desta conquista.

.:: Correio Gourmand


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